«Com uma escrita de apuro, Cardoso Pires traça um ambiente turvo.
Com uma escrita áspera, Cardoso Pires retrata pessoas indolentes. Com uma
escrita exacta, Cardoso Pires assenta diálogos derivativos, enrolados,
incongruentes — e essa coisa é que é linda. (…)
Nunca antes, na nossa literatura, o dia 25 de Abril foi descrito
de forma tão vibrante e tão vivida (…).
Este é um livro para ser lido de lanterna na mão. Ou, então, com
uma daquelas luzes de mineiro que estes usam no capacete para descer às
profundezas. É de escuridão e de bas-fond lisboeta que se trata. De uma
certa vida boémia que já não existe — ou já não será exactamente assim. É um
livro noctívago, este. Cheio de velhos lobos-de-bares. “Bares dialécticos com
meninas à Godard”, outros “com máquinas de discos aos coices”.
Em torno de Alexandra, a publicitária, a mulher do corpo
desmemoriado, cuja mais interessante característica é não prestar contas a
ninguém, enxameiam as mais bizarras personagens.» [Do Prefácio]
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