2.10.15

Sobre Fala, Memória, de Vladimir Nabokov




«Fala, Memória, a autobiografia de Nabokov, é um supremo exercício literário.
Só comparável em importância às Confissões de Santo Agostinho ou de Rousseau.
Nada de paixões por reflexos em fontes ou de madalenas mergulhadas no chá. Para Vladimir Nabokov (1899-1977), uma autobiografia honesta e perene nasce, não de um gesto egocêntrico ou narcótico, mas de um ato «excêntrico»: o de moldar um conteúdo individual a uma forma impessoal e artística. Para ser verdadeira, a criação autobiográfica deve, antes de mais, tomar a rememoração como exercício técnico de procura, exploração e análise de «sendas ou correntes temáticas» nas regiões mais remotas da vida passada. Segundo este método, a retrospecção é uma tentativa de transformar uma evidência numa conclusão.»

[Filipa Melo, no blogue Coração Duplo, crítica a Fala, Memória publicada na Ler de Maio de 2013]

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