«Mais do que uma epístola em sentido
estrito, a Carta a Um Refém é um manifesto épico do autor, no qual se
defende o primado do “respeito pelo homem”, uma “chama espiritual” pronta a
iluminar o resgate dos “quarenta milhões de reféns” franceses, fechados “nas
caves da opressão” nazi. Evocando os vários silêncios do deserto, por ele
experimentados no Sara, Saint-Exupéry procura uma definição para a “substância”
do que é ser-se humano. Encontra-a, primordialmente, no “desejo cego de um
certo calor”, que permite ao homem prosseguir “de erro em erro”, no “caminho
que conduz ao fogo”. O autor começa por recordar a sua passagem por Lisboa –
“paraíso luminoso e triste” – em dezembro de 1940, onde entreviu refugiados
ricos arrastando-se no Casino Estoril como fantasmas.» [José Mário Silva,
Expresso, E, 2-5-2015]
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