«Tolstoi
ou Dostoievski procura mostrar que a estatura destes dois romancistas é
inseparável do seu compromisso teológico. Se Anna
Karénina é, como Henry James viu, uma “coisa tão maior” até mesmo que Madame Bovary, se Os
Irmãos Karamázov supera tão formidavelmente Balzac ou Dickens, a razão é a
centralidade para Tolstoi e Dostoievski da questão de Deus. Por sua vez, o que
faz legitimar as afinidades de Tolstoi com Homero e as de Dostoievski com
Shakespeare é uma comunicação partilhada das realidades, individuais e
colectivas, físicas e históricas, além do alcance do empírico. Para ambos os
mestres russos, como para Pasternak e para Soljenítsin depois deles, o
pressuposto de D. H. Lawrence de que, para ser um escritor ou artista maior, há
que enfrentar “nu os fogos de Deus” (ou o não-ser de Deus) era por si mesmo
evidente. O constante recurso de Tolstoi ao mistério da ressurreição, as
figurações de Dostoievski de um niilismo apocalíptico, são simultaneamente
actos incomparáveis de realização narrativa-dramática e de pensamento
religioso. Este livro invoca as afinidades profundas que se encontram entre a
realização russa e a do cenário teológico em Hawthorne e Melville.» [Do
Prefácio]
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