«Escrevo sobre
os Diários de Franz Kafka (1883-1924), o judeu checo cuja obra deu
origem ao adjectivo “kafkiano”, adoptado como património do Ocidente sempre que
se verificam situações de abuso de poder com contornos absurdos. A presente
tradução, da responsabilidade de Isabel Castro Silva, inclui os diários de
viagem, reproduzindo a edição crítica que Hans-Gerd Koch, Michael Müller e
Malcolm Pasley organizaram. Divididos em doze cadernos, os diários foram
escritos entre 1909 e 1923. Os de viagem, não incluídos nos cadernos, vão de
1911 a 1913. Além do sufoco profissional sentido quando trabalhou numa
companhia de seguros, e da turbulência europeia desencadeada pela Primeira
Guerra Mundial, são temas recorrentes a vocação literária, a deriva
existencial, a doença, o totalitarismo burocrático, a violência (mesmo em família),
o amor, o sexo, a oficina do escritor: “Isto é necessário, pois a história […]
saiu de mim coberta de imundície e muco, e eu só tenho a mão que pode e quer
chegar até ao corpo…” Se Max Brod tivesse cumprido a promessa feita ao amigo,
estes Diários teriam sido destruídos. Uma cronologia da vida de Kafka, índice
de nomes e obras, bem como vinte páginas de notas completam esta criteriosa
edição.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito de crítica na
revista Sábado]
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