«Gostava de escrever uma prece bonita.»
Esta frase foi escrita por Flannery O’Connor durante a
sua juventude, neste diário profundamente espiritual, recentemente descoberto
entre os objetos que deixou na Georgia.
«Há em volta de mim um vasto mundo sensível que eu
deveria ser capaz de usar como instrumento em Teu louvor.»
Escrito entre 1946 e 1947, enquanto O’Connor estudava longe
de casa na Universidade de Iowa, Um
Diário de Preces é um portal raro de acesso à vida íntima da escritora. Não
apenas revela a relação singular de O’Connor com o divino, como nos mostra a forte
ligação entre o seu desejo de escrita e o seu enternecimento por Deus.
«Tenho de escrever que irei tornar-me artista. Não no
sentido da fancaria estética, mas no sentido do engenho estético: caso contrário,
sentirei a minha solidão constantemente […]. Não quero sentir-me solitária toda
a vida, mas as pessoas, ao recordarem-nos de Deus, apenas acentuam a nossa
solidão. Meu bom Deus, por favor, ajuda-me a tornar-me uma artista, por favor, faz
que isso me aproxime de Ti.»
O’Connor não podia ser mais explícita em relação à sua ambição
literária: «Por favor, ajuda-me, meu bom Deus, a ser uma boa escritora e a
conseguir que me aceitem mais textos para publicação», escreveu.
Segundo W. A. Sessions, que conhecia O’Connor, não foi uma
coincidência que a autora tenha começado a escrever as histórias que formaram o
seu primeiro romance, Sangue Sábio, durante
os anos em que escreveu estas meditações singulares e profundamente
imaginativas.
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