16.7.14

A chegar às livrarias: Plataforma, de Michel Houellebecq





«O meu pai morreu há um ano. Não acredito na teoria segundo a qual só nos tornamos realmente adultos com a morte dos nossos pais; nunca nos tornamos realmente adultos.
Diante do caixão do velho, ocorreram-me pensamentos desagradáveis. O sacana tinha aproveitado bem a vida; safara-se à grande. “Fizeste filhos, meu cretino…”, disse vivamente para comigo; “enfiaste a tua piça grossa na rata da minha mãe.” A verdade é que estava um bocado tenso; não é todos os dias que temos um morto na família. Recusei-me a ver o cadáver. Tenho quarenta anos, já tive várias oportunidades de ver cadáveres; neste momento, prefiro evitar. É isso que me tem impedido de comprar um animal doméstico.»

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