«O meu pai morreu há um ano. Não
acredito na teoria segundo a qual só nos tornamos realmente adultos com
a morte dos nossos pais; nunca nos tornamos realmente adultos.
Diante do caixão do velho,
ocorreram-me pensamentos desagradáveis. O sacana tinha aproveitado bem a vida;
safara-se à grande. “Fizeste filhos, meu cretino…”, disse vivamente para
comigo; “enfiaste a tua piça grossa na rata da minha mãe.” A verdade é que
estava um bocado tenso; não é todos os dias que temos um morto na família.
Recusei-me a ver o cadáver. Tenho quarenta anos, já tive várias oportunidades
de ver cadáveres; neste momento, prefiro evitar. É isso que me tem impedido de
comprar um animal doméstico.»
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