«Que voz é esta, nada reconhecível segundo o estereótipo da
escrita feminina contemplativa, interior? Mas ela é também isso. Basta ler os
momentos de enorme reclusão interior de Reno. Esta é uma escrita autoritária
porque senhora de si; segura num enredo em que arte e política estão ligadas
sem que haja exibicionismo de sabedoria, seja nas descrições sobre mecânica de
motos ou dos submundos revolucionários. Kushner quer captar o que de permanente
há no mutável, a ânsia humana de se reinventar – e isto a partir do espírito de
um dado tempo, os anos 70, num dado lugar.
Talvez nem todos os momentos sejam perfeitos, mas a pontual
imperfeição apenas serve para reforçar a qualidade de Rachel Kushner. “O
encantamento significa querer alguma coisa e também saber, algures dentro de nós,
não num lugar óbvio, que não vamos tê-la.”» [Isabel Lucas, «úblico, «psilon,
23/5/2014]
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