Mais de 120
anos depois da viagem de Anton Tchékhov à ilha de Sacalina, então uma colónia
penal onde gerações de prisioneiros cumpriam penas de trabalhos forçados, o
relato do escritor e médico russo será levado ao palco. A adaptação é de Jonathan
Cole, professor na Universidade de Southampton.
O espectáculo
chamar-se-á The Russian Doctor e terá uma primeira apresentação a 28 de
Março, no Theatre Royal de Winchester.
Em 2011, a
Relógio D’Água publicou o livro que deu origem à representação.
Quando
Tchékhov, então um jovem médico, partiu para a ilha de Sacalina em Abril de
1890, ninguém compreendeu as suas motivações. Ele próprio, incapaz de se
explicar, falou de mania sachalina.
Nabokov fez-se
eco dessa perplexidade: «Normalmente, os críticos que escrevem sobre Tchékhov
repetem que acham de todo incompreensível o facto de, em 1890, o escritor ter
empreendido uma viagem perigosa e fatigante à ilha de Sacalina para estudar a
vida dos condenados aos trabalhos forçados.»
Trata-se, de
qualquer modo, do episódio mais estranho da vida de Tchékhov. Tendo decidido
investigar aquele lugar maldito, pôs-se a caminho, em condições mais do que
precárias. Decidira não se apresentar como jornalista e não possuía qualquer
carta de recomendação ou documento oficial. Após dois meses e meio de viagem
extenuante, o mais provável era ser obrigado a regressar.
Enfrentou o
frio, a chuva, as inundações, e os incêndios, e finalmente lá estava, ao largo
da Sibéria, a ilha de Sacalina: «Em redor o mar, no meio o inferno.»
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