No seu blog buzzlit, Helena Vasconcelos
escreve sobre Lolita, de Vladimir
Nabokov:
«“Lolita ou A Confissão de um Viúvo de Raça
Branca”, de Vladimir Nabokov, conhece agora uma reedição em português com uma
excelente tradução de Margarida Vale de Gato, que também assina um
interessantíssimo Posfácio.
Passei muito tempo da minha vida às voltas
com este romance e incluí-o várias vezes nas listas das Comunidades de
Leitores. (…)
Essa América extremamente jovem – e também imatura
– “sexy”, caprichosa e fascinante
está perfeitamente personificada na ninfeta Lolita, criação do famoso escritor
russo-americano, Vladimir Nabokov. A menina que enfeitiça o europeu Humbert Humbert
até ao crime, é por ele possuída – literal e metaforicamente – como uma forma
de “agarrar” (violando, tomando como presa) uma projecção da infância e de dar
largas a uma sinistra nostalgia da beleza e juventude que o arrasta para as
maiores perfídias. Essa “luz” incandescente (em torno da qual as mariposas
queimam as suas asas na linguagem fitzgeraldeana) é aquela que o próprio
Fitzgerald, Hemingway, James e Wharton levaram para a Europa. Nabokov fez o
percurso contrário, naturalmente, e imprimiu uma nova dinâmica – alguns chamar-lhe-ão
perversa – ao “glamour” ofuscante que o precedera, juntando a marca indelével
da imagem – o cinema na literatura – e a nostalgia de um outro paraíso, em que
liberdade é sinónimo de fora-da-lei, na viagem pela América dos dois amantes
amaldiçoados.»
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