«Diz-se de Moby
Dick que é o grande romance americano, mas o seu apelo vai mais longe,
ultrapassa barreiras culturais ou linguísticas, e revela a cada releitura,
geração após geração, um verdadeiro estofo universal. A história, simples, é a
de um homem que arrasta outros homens na sua loucura. À frente do Pequod,
o capitão Ahab entrega-se à maior obsessão alguma vez vista na literatura: anos
antes, uma imensa baleia branca levou-lhe uma perna e a lucidez, deixando-o
ávido de uma vingança que tem o oceano inteiro como palco e a morte de (quase)
toda a tripulação como desenlace invevitável. Mas Moby Dick é muito mais
do que a narrativa desta pulsão destruidora. É uma história do mar e dos homens
que lhe sobrevivem; é um romance que se multiplica e bifurca e deriva,
estilhaçando as formas clássicas de narrar; é um tratado científico e sociológico;
é uma gloriosa amálgama de vidas que se cruzam nessa arena terrível que é o
convés de um baleeiro. A bordo do Pequod vamos todos nós. E naufragamos.
E queremos voltar a partir, atrás do monstro branco que é a metáfora das
metáforas.» [Expresso, Revista, 20-07-2013]
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