26.7.13

José Mário Silva sugere Moby Dick, de Herman Melville, para leitura no Verão



 

«Diz-se de Moby Dick que é o grande romance americano, mas o seu apelo vai mais longe, ultrapassa barreiras culturais ou linguísticas, e revela a cada releitura, geração após geração, um verdadeiro estofo universal. A história, simples, é a de um homem que arrasta outros homens na sua loucura. À frente do Pequod, o capitão Ahab entrega-se à maior obsessão alguma vez vista na literatura: anos antes, uma imensa baleia branca levou-lhe uma perna e a lucidez, deixando-o ávido de uma vingança que tem o oceano inteiro como palco e a morte de (quase) toda a tripulação como desenlace invevitável. Mas Moby Dick é muito mais do que a narrativa desta pulsão destruidora. É uma história do mar e dos homens que lhe sobrevivem; é um romance que se multiplica e bifurca e deriva, estilhaçando as formas clássicas de narrar; é um tratado científico e sociológico; é uma gloriosa amálgama de vidas que se cruzam nessa arena terrível que é o convés de um baleeiro. A bordo do Pequod vamos todos nós. E naufragamos. E queremos voltar a partir, atrás do monstro branco que é a metáfora das metáforas.» [Expresso, Revista, 20-07-2013]

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