22.4.13

Sobre É assim Que A Perdes, de Junot Díaz






«Nascido na República Dominicana, Junot Díaz é um dos nomes essenciais de atual literatura made in USA. Ao Expresso, falou sobre o seu último livro de contos, protagonizado por Yunior, um personagem-fetiche, mais “esperto” do que o seu criador. (…) São tantas as traições amorosas assumidas por Yunior em É assim Que A Perdes que pode ser tentador resumir o livro a um tratado sobre a infidelidade. Díaz não concorda: “É muito mais do que isso. É um livro sobre a natureza do amor e sobre o medo que todos temos de falhar no amor.” Yunior acaba por ser o arquétipo de muitos homens moldados por uma cultura machista: “Todos conhecemos tipos como ele. O gajo que não tem problemas em foder todas as mulheres que se atravessam no seu caminho mas é incapaz de se abrir para a verdadeira intimidade. O que, em última análise, o desespera.” A grande tensão que atravessa o livro é esta: por muito que minta às suas amantes, ele nunca mente ao leitor. “A sua capacidade de enganar as mulheres junta-se a uma incrível honestidade sobre si mesmo, no momento em que escreve.” A quem o lê cabe então o lugar de confidente. “E esse é um lugar perturbador para se estar com um tipo como Yunior. Porque quando ele nos conta uma história, só pensamos ‘Oh, não, ele não pode ter feito isto, ele não pode ter dito aquilo’. Mas fez. Mas disse.”»

[José Mário Silva entrevista Junot Díaz, no suplemento Atual do Expresso de 20 de Abril de 2013]

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