9.4.13

A chegar às livrarias: A Trombeta do Anjo Vingador, de Dalton Trevisan





«Talvez o modo justo de começar uma resenha sobre um livro de Dalton Trevisan — qualquer um — seja reconhecer, afinal, que estamos diante de um grande mestre da literatura brasileira; mais que isso, diante do último sobrevivente de uma estirpe rara, a dos criadores de linguagem. E para dar o toque bíblico que os mestres merecem, acompanharemos o elogio do mesmo lamento que têm chorado os desgraçados personagens daltonianos ao longo do mais consistente painel literário que o país produziu nas últimas décadas. (…)
Dalton pinta painéis, conjuntos bem amarrados de textos curtos que tanto mais força terão quanto mais sejam percebidos em conjunto.
E não há como escapar, gostemos ou não: a obra de Dalton Trevisan representa o trabalho absolutamente solitário de um mestre, na estatura de uma vida inteira. Nenhum outro escritor brasileiro, hoje, terá o impacto, o poder de síntese, a violência, a absoluta, seca, irredimível brutalidade da frase de Dalton Trevisan. Mas atenção: não se trata apenas do domínio técnico, do bom artesão burilando sentenças, o parnasiano da desgraça - não são elas, as frases enxutas, que nos tocam, mas o universo sufocante detonado por elas na cabeça do leitor, palavra e visão de mundo inextricáveis no seu texto.» [Cristovão Tezza, O Globo, Prosa&Verso, 26-04-1997]

Sem comentários:

Enviar um comentário