A Maçã no Escuro (1961) foi o primeiro dos três romances publicados por
Clarice Lispector nos anos sessenta. Em 1964 surgiria A Paixão segundo G. H.
e, em 1969, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, onde abandona as
noções tradicionais do género.
Foi no decurso de uma estada em
Torquay, em Inglaterra, que Clarice Lispector começou a tomar notas para aquele
que seria o mais longo dos seus livros, só terminado em Washington, em 1956.
Durante a escrita das numerosas versões de A Maçã no Escuro, a autora
ouviu até à exaustão a Quarta Sinfonia de Brahms, número que se exprime
no livro como símbolo do mundo criado e de vida.
É um romance de iniciação, através da
busca individual de Martim, que, pensando ter cometido um crime, se refugia num
hotel e depois numa fazenda. Deslumbrante e psicologicamente denso, este livro
tem as marcas mais pessoais da autora, pois nele tudo se relaciona numa criação
que é ao mesmo tempo narrativa e exercício espiritual.
«A aterradora
magnificência de A Paixão segundo G. H. colocou o romance entre os mais
importantes do século. Pouco antes da sua morte, na sua última visita ao
Recife, Clarice disse a um repórter que, de todos os seus livros, era esse que
“correspondia melhor à sua exigência como escritora”. A obra inspirou uma
gigantesca bibliografia, mas, na época em que foi publicada, parece ter sido
quase ignorada.»
[Benjamin
Moser, em Clarice Lispector, Uma Vida]
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