«Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém.
Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte
faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.»
Neste livro
inclassificável, Clarice imagina uma personagem, Ângela Pralini, através da
qual entra em conflito consigo mesma para se distanciar de si e evitar o pior
dos plágios.
João Cezar de
Castro Rocha afirma, na edição brasileira, que os livros de Clarice «se
transformam sempre num mergulho no infinito de uma identidade à deriva».
Isso é
particularmente válido para Um Sopro de
Vida, publicado em 1978. A sua actualidade levou Pedro Almodóvar a
escrever, em carta a Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector:
«O romance é
recheado de frases memoráveis sobre a criação literária e a passagem do tempo,
o desespero e a multiplicidade humana, incluindo a necessidade de se falar de
si mesmo, a procura por um interlocutor e o facto de se encontrar isso dentro
de si mesmo. Quero citar frases dela na edição em livro do argumento de A Pele Que Habito.»
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