Na edição de
Dezembro da revista Ler, Filipa Melo escreve sobre A Poesia do
Pensamento, de George Steiner: «A Poesia do Pensamento talvez seja a
obra magna deste mestre europeu. Percorre dois milénios da cultura ocidental, à
procura das ligações entre a filosofia e a linguagem poética e literária. É a
súmula de 50 anos de percurso analítico e crítico de um dos dinossauros de uma
conceção de cultura ameaçada de extinção. (…) Hoje, para Steiner, quando a cultura
corre o risco de se tornar jogo, a rutura radical do presente com a alta
cultura acumulada em dois milénios de História do Ocidente pode terminar também
em silêncio, mas um silêncio estéril e fatal, ao qual apenas um “cantor
rebelde” ou um filósofo solitário poderá dizer “não”.»
No suplemento
Atual do Expresso de 8 de Dezembro, também António Guerreiro
escreve sobre esta obra de George Steiner: «Poderíamos então dizer que Steiner
vai contra o princípio de que há uma musa dos poetas, mas não há uma musa dos
filósofos. Mas é preciso também ter em conta que um título como “Poesia do
Pensamento” joga numa duplicidade, obriga-nos a ter em conta tanto o genitivo
subjectivo (que se refere à poesia inerente ao pensamento) como o genitivo
objectivo (referente à poesia sobre o pensamento). É num movimento constante
entre um e outro que se move George Steiner. Trata-se então de ler os grandes
filófosos da tradição ocidental como produtores de um estilo, de uma retórica,
conduzindo-nos assim não só ao coração da linguagem, mas também à “criatividade
da razão”. Nietzsche ocupa na economia do livro e na argumentação de Steiner um
lugar muito importante.»
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