«[...] O seu
universo é marcado pelo desdobramento da representação literária e artística,
ou pelo que podemos descrever como os desdobramentos e a dinâmica de uma mimese
generalizada que não se preocupa em desdobrar apenas o que as duas equipas (de
um jogo) vão fazer com as imagens do mundo; antes põem em exibição os
desdobramentos e as dinâmicas com que a máquina da mimese generalizada ao
exprimir-se retoma como campo de jogos ou espaço específico das artes
performativas.
Por isso, tal
como acontece recorrentemente em outras ficções de Ana Teresa Pereira, em O Lago, as personagens são actores e
encenadores ou realizadores. Ou ainda uma casa, ou uma floresta ou um lago, ou
tão só um adereço, uma peça de roupa podem ser personagens e, por isso, podem
ser também oportunidades de desdobramento que envolvem e incluem a história de
vida ou o destino da «pessoa» de um actor que é personagem deste texto. E não é
um dos menores encantos deste livro (e da obra) de Ana Teresa Pereira que esses
desdobramentos, que podem acontecer a qualquer coisa, sejam menos acontecimentos psicológicos do que efeitos materiais
e fantásticos do mimetismo generalizado do mundo, em favor do qual a obra de
Ana Teresa Pereira conspira.»
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