No suplemento
Atual do Expresso de 10 de Novembro, Pedro Mexia escreve sobre
Contos, de Luigi Pirandello: «Podemos destacar, nesta selecção, um punhado de
obras-primas. Em “Iguais”, dois amigos inseparáveis, solteirões, acabam por
casar com duas amigas inseparáveis, de maneira a continuarem a fazer a vida
juntos; mas as mulheres encantam-se dos cunhados, de tal modo que o cruzamento
de afectos e de melindres se torna vertiginoso. Em “Uma Casaca Apertada”, há uma
boda adiada sob um falso pretexto (um óbito inesperado), e o padrinho da noiva
denuncia a hipocrisia da família da noiva e tenta que a cerimónia prossiga; mas
só ganha coragem para isso porque é um homem gordo, que vestiu um casaco
apertado, e que não pode mais sentir-se constrangido. Em “Laranjas da Sicília”,
um rapaz financiou os estudos da noiva, que se tornou cantora lírica em
Nápoles; porém, uma vez habituada a rendas, sedas, luxos, mundanidades e
gargalhadas, ela não quer saber mais do moço, reduzido a um vago conhecido que
lhe traz fruta da província. O conto “O Defunto” parece uma ficção gótica: um
indivíduo recém-casado com uma viúva percebe que a sua viagem de núpcias é uma
imitação, a papel químico, das primeiras núpcias da mulher; e nem quando decide
vingar-se consegue escapar ao fantasma do outro homem. Estes temas obsessivos,
amores contrariados, convenções sociais, partidas do destino, a assombração dos
mortos, juntam-se em “A Primeira Noite”, que parece Poe.»
No suplemento
Atual do Expresso de 10 de Novembro de 2012, Ana Cristina
Leonardo escreve sobre Contos Escolhidos, de Carson McCullers:
«Epifania: eis a palavra certa. E quem tenha dúvidas de que a arte do conto se
escreve com maiúsculas que leia esta seleção de doze títulos… e se converta.
Carson McCullers (1917-1967) publicou relativamente pouco e escreveu
maravilhosamente bem. Contos Escolhidos espanta-nos de imediato com
“Wunderkind”, publicado tinha a autora 19 anos.»
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