«Assim, a temática do Cap. I centra-se na
apreciação da diferença entre, por um lado, o modelo socrático-platónico da
relação do mestre com o discípulo e, por outro lado, o modelo cristão da
relação “do deus”com o “aprendiz”; mas, se procurarmos o conceito operativo
específico deste capítulo, rapidamente compreenderemos que é a categoria de
“instante” que, na sua oposição funcional com a noção de “ocasião”, determina o
essencial da meditação aí levada a cabo. O Cap. II, por seu turno, tem por tema
central a questão do amor do deus pelo homem; o conceito operativo específico
deste capítulo encontra-se na “humilhação” que é capital para que este amor não
seja um “amor infeliz”, ou seja, situa-se naquilo que motiva o facto de o deus
descer na figura de um “servo” e que simultaneamente faz que perante este facto
se esteja diante do “maravilhoso”. O Cap. III debruça‑se sobre o tema do
paradoxo, em especial da diferença entre o “paradoxo socrático” (Sócrates faz
todos os possíveis por conhecer a natureza humana, mas não está certo de saber
quem é, em particular de saber se partilha do divino) e o “paradoxo
absoluto”(que põe em jogo a “diferença absoluta” entre o deus e o homem, que é
a“diferença absoluta do pecado”, e o anular desta diferença absoluta na “igualdade
absoluta”).» [Da Introdução de José Miranda Justo]
24.9.12
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