No suplemento ípsilon do Público de 18 de Maio,
Maria da Conceição Caleiro escreve sobre A Ronda, de Arthur Schnitzler:
«A sexualidade é o leitmotiv da obra, mote e motor da ronda do mundo. A peça,
composta por dez diálogos, é editada em 1900, 200 exemplares, edição custeada
pelo autor e seus amigos. Foi porém logo objecto de uma recensão. A primeira
edição pública de 1903 seria um sucesso, logo alvo de censura. Acusada de
pornografia e de prova da degenerescência da arte, despoleta uma vaga de
anti-semitismo. Em 1904 é interdita, apesar de não deixar de circular
clandestinamente. A primeira representação, em Berlim, data de 1921. (…)
A Ronda é também isso, a delação da máscara, e do
dissimular que se lhe cola. Interessante é distinguir os comportamentos de
homens e mulheres depois do sexo. Elas insistem mais na pergunta: amas-me? Eles
insistem em despachar-se.
A obra suscitou várias adaptações, ou criações,
cinematográficas. Uma das mais interessantes terá sido a de Max Ophüls (1950), mise-en-abyme
do próprio acto teatral, ou do mundo consciente e quase ternamente filmado como
sequência de cenas teatrais, com Gérard Philipe a dar balanço a um carrossel, o
do curso do amor, a ronda; ainda com Simone Signoret e Serge Reggiani. E a
música de Duke Ellington e Coltrane. Nada mal. Vadim (1964), depois, juntou
Anna Karinna e Jane Fonda.»
O último filme do realizador brasileiro Fernando Meirelles
parte de A Ronda. Tem por título 360, e conta com a interpretação
de Anthony Hopkins, Rachel Weisz e Jude Law. A obra foi nomeada na categoria de
Melhor Filme no Festival de Cinema de Londres de 2011 e tem estreia prevista em
Portugal para Agosto de 2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário