24.5.12

Sobre A Ronda, de Arthur Schnitzler



No suplemento ípsilon do Público de 18 de Maio, Maria da Conceição Caleiro escreve sobre A Ronda, de Arthur Schnitzler: «A sexualidade é o leitmotiv da obra, mote e motor da ronda do mundo. A peça, composta por dez diálogos, é editada em 1900, 200 exemplares, edição custeada pelo autor e seus amigos. Foi porém logo objecto de uma recensão. A primeira edição pública de 1903 seria um sucesso, logo alvo de censura. Acusada de pornografia e de prova da degenerescência da arte, despoleta uma vaga de anti-semitismo. Em 1904 é interdita, apesar de não deixar de circular clandestinamente. A primeira representação, em Berlim, data de 1921. (…)
A Ronda é também isso, a delação da máscara, e do dissimular que se lhe cola. Interessante é distinguir os comportamentos de homens e mulheres depois do sexo. Elas insistem mais na pergunta: amas-me? Eles insistem em despachar-se.
A obra suscitou várias adaptações, ou criações, cinematográficas. Uma das mais interessantes terá sido a de Max Ophüls (1950), mise-en-abyme do próprio acto teatral, ou do mundo consciente e quase ternamente filmado como sequência de cenas teatrais, com Gérard Philipe a dar balanço a um carrossel, o do curso do amor, a ronda; ainda com Simone Signoret e Serge Reggiani. E a música de Duke Ellington e Coltrane. Nada mal. Vadim (1964), depois, juntou Anna Karinna e Jane Fonda.»


O último filme do realizador brasileiro Fernando Meirelles parte de A Ronda. Tem por título 360, e conta com a interpretação de Anthony Hopkins, Rachel Weisz e Jude Law. A obra foi nomeada na categoria de Melhor Filme no Festival de Cinema de Londres de 2011 e tem estreia prevista em Portugal para Agosto de 2012.

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