«No romance, o início do período áureo de S. Salvador e do mosteiro que a domina é datado de 1578, ano do desastre de Alcácer Quibir. Não é coincidência: “[a]té aí, as rendas do convento beneditino eram devoradas pelos seus padroeiros”, depois “o vale respirou, liberto da expropriação dos usurpadores”. Dentro da filosofia (chamemos‑lhe assim) do livro, também não é coincidência que um momento nefasto para a nação seja tão favorável para aquele lugar. Finalmente, também não é coincidência que Belchior, desde cedo interessado pela História, se empenhe intelectualmente na realização da sua obra sebástica. Esse estudo histórico‑psicanalítico constitui a quinta e última parte do romance, intitulada “O Medo”. Estas “coincidências” autorizam a que vejamos em S. Salvador a antítese desse Portugal sebastiânico que aspira às estrelas e cava a sua própria sepultura, que almeja novas glórias e perde a independência.» [Do Prefácio de Bruno Vieira Amaral]
O Mosteiro e outras obras de Agustina Bessa-Luís estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/
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