«Estar grato por ter um país assemelha‑se a estar grato por ter um braço. Como escreveria se perdesse o braço? Escrever com o lápis preso nos dentes é um modo de fazermos cerimónia connosco. Testemunhas afiançam‑me que sou a mais portuguesa dos portugueses da minha família. É como se me recebessem sempre com um «Ah! A França! Anatole, Anatole!» como receberam Lévi‑Strauss num povoado do interior do Brasil. A única família com quem conseguimos falar é, porém, aquela que não nos responde. Acreditamos que essa família nos interpreta o mundo, quando passamos a vida a traduzir o novo mundo para a sua língua.» [p. 9]
Esse Cabelo e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/
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