15.5.24

Morreu Alice Munro

 




Morreu na passada segunda-feira, aos 92 anos, a escritora canadiana, nascida no Ontário, Alice Munro.

Apesar de ter escrito o seu primeiro conto aos 19 anos e de ser autora de diversas antologias de contos e de um romance, Vidas de Raparigas e Mulheres, só alcançou a projecção internacional com o Man Booker International em 2009 e sobretudo com o Prémio Nobel o Prémio Nobel de Literatura em 2013.

A Relógio D’Água publicou desde 2007 várias antologias de contos de Alice Munro (Fugas, O Amor de Uma Boa Mulher, Demasiada Felicidade, O Progresso do Amor, Amada Vida, Falsos Segredos, Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento e A Vista de Castle Rock, com aspectos biográficos) e o romance Vidas de Raparigas e Mulheres.

Alice Munro possuía o singular talento de nos expor de modo conciso a essência da vida através dos seus contos e romances.

As suas personagens habitam pequenas povoações dos arredores de Ontário ou do Lago Huron. São adolescentes, mulheres e famílias descritas nos seus trajectos habituais, mas que são transformadas por um encontro casual, uma acção não realizada, que causam um desvio no destino das suas vidas e modos de pensar.

As suas histórias mostram-nos, nas separações, partidas, novos começos, acidentes, regressos e perigos, imaginários ou reais, como o quotidiano das nossas vidas pode ser tão estranho e arriscado quanto belo.

Herdeira de Tchékhov e do realismo lírico do Joyce contista, Alice Munro conseguiu com o seu «sentimento instintivo de aritmética emocional da vida quotidiana» deixar uma marca indelével na escrita contemporânea.

Através do carácter inesperado e emocionante das vidas, Munro mostra-nos como os homens e as mulheres se acomodam e muitas vezes transcendem o que acontece nas suas vidas.

Ao lado de escritores como Margaret Atwood, Leonard Cohen, Miriam Toews, Michael Ondaatje ou Anne Carson, Munro contribuiu para a autonomia da literatura canadiana, que durante muitos anos foi subalternizada pelas pungentes literaturas norte-americana e britânica.

Sem comentários:

Enviar um comentário