«O homem sabe também que a morte desce devagar
pelas colinas que tapam as ruas, mas não sabe,
como o escultor, o momento exacto em que
as casas se desmoronam, se deslocam para
a morte, tentando ganhar um espaço ainda oculto.
Ouvem,
olhem o lixo de uma outra forma.
O escultor que responde,
A minha geografia morre com a cidade.
O homem repara no último comboio que
atravessa o espaço coberto, por cima da sua
cabeça____________________,
e vêm‐lhe à memória as formigas
que levam na boca as suas próprias palavras,
os pedaços de papel atirados para cima
das tábuas, para que sejam elas a roubar‐lhe
os poemas e a levá‐los para um canto, junto
ao pó, junto a um corpo velho deitado
no mesmo banco de pedra.» [Preparação para a Noite, de Jaime Rocha, p. 9]
Preparação para a Noite e outras obras de Jaime Rocha estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jaime-rocha/
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