«“Eichmann em Jerusalém” é um livro sobre culpa, mas não só a do indivíduo no centro da história. Adolf Eichmann foi um dos grandes criminosos do século XX, alguém que teve um papel em todas as fases do processo que levou ao extermínio maciço de judeus, desde as medidas para os expulsar da Alemanha até ao seu envio para campos de concentração e o seu assassínio em câmaras de gás. Eichmann sempre se orgulhou do seu papel na morte de milhões; Arendt nota que a vaidade foi a sua perdição. […]
Mas o núcleo do livro, além da logística do Holocausto (a especialidade de Eichmann), é de facto a questão da culpa, corporizada na famosa e muito discutida expressão “banalidade do mal”, e cujo peso ultrapassa altos funcionários como Eichmann, o III Reich, ou até o passado. “É de facto gratificante sentirmo-nos culpados quando não fizemos nada de errado: que nobre!”, escreve Arendt, referindo-se aos jovens alemães que “nos brindam com manifestações histéricas do seu sentimento de culpa […]. Não estão a sucumbir ao peso do passado, da culpa dos seus pais; estão é a tentar libertar-se da pressão de problemas concretos e atuais, refugiando-se num sentimentalismo barato.”» [Luís M. Faria, E, Expresso, 19/4/2024: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2024-04-18-livros-hanna-arendt-e-a-banalidade-do-mal-em-adolf-eichmann-b3628479]
Eichmann em Jerusalém — Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal (tradução de Ana Corrêa da Silva, com Introdução de António Araújo e Miguel Nogueira de Brito) e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/
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