13.11.23

De Salomé, de Oscar Wilde

 



«O Jovem Sírio — Como a princesa Salomé está bela esta noite!

O Pajem de Herodíade — Olha para a Lua. A Lua tem um ar muito estranho. Dir‑se‑ia uma mulher a sair de um túmulo. Parece uma mulher morta. Dir‑se‑ia que procura mortos.

O Jovem Sírio — Tem um ar muito estranho. Parece uma princesinha com um véu amarelo e pés de prata. Parece uma princesa de pés como pombinhas brancas… Dir‑se‑ia que está dançando.

O Pajem de Herodíade — Parece uma mulher morta. Anda tão devagar!

(Ruído na sala do festim.)

Primeiro Soldado — Que barulho! Que bichos selvagens são estes que estão rugindo?

Segundo Soldado — São os Judeus. Estão sempre assim. É a religião deles que discutem.

Primeiro Soldado — Porque discutem a religião?

Segundo Soldado — Não sei. Não fazem outra coisa. Os Fariseus, por exemplo, afirmam que há anjos e os Saduceus dizem que os anjos não existem.

Primeiro Soldado — Acho ridículo discutir tais coisas.

O Jovem Sírio — Como a princesa Salomé está bela esta noite!» [De Salomé, p. 623]


Obras Escolhidas I de Oscar Wilde inclui a sua mais conhecida obra, O Retrato de Dorian Gray. Os seus contos estão representados por «O Crime de Lord Arthur Savile», «O Fantasma dos Canterville», «A Esfinge sem Segredo» e «O Milionário Modelo».

Publicam-se igualmente as suas principais peças de teatro, entre as quais A Importância de Ser Earnest, O Leque de Lady Windermere, Uma Mulher sem Importância e Vera ou os Niilistas, pela primeira vez traduzida em Portugal. 


Obras Escolhidas I (trad. Margarida Vale de Gato, Miguel Serras Pereira, Carla Morais Pires, Januário Leite e Armindo Rodrigues) e outras obras de Oscar Wilde estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/oscar-wilde/

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