«Haverá más traduções de Kavafis? A pergunta justifica-se porque a força declarativa, metonímica e quase-narrativa deste poeta de língua grega, que usava um grego da diáspora, impuro, demótico, parece funcionar em qualquer versão, mais fiel ao original ou mais derivativa. O leitor português tem disponíveis três traduções integrais ou substanciais — uma recente, de Manuel Resende, e duas anteriores, agora reeditadas: “90 e Mais Quatro Poemas” (1970), de Jorge de Sena, numa edição com grande apuro gráfico, e outra completa e bilingue, “Os Poemas” (2005), de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis.
São versões bastante diferentes. A de Magalhães e Pratsinis invoca uma maior literalidade (o que se compreende, sendo um dos tradutores grego) e opta pelo coloquialismo e a rugosidade sintáctica. Já a de Sena (elaborada através de línguas intermédias) quer-se mais canonicamente poética e eufónica.»
Pedro Mexia, na revista E do jornal Expresso, 2023-08-11
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