16.6.23

Peter Sloterdijk em entrevista a Luciana Leiderfarb, no Expresso

 



«Foi há 40 anos que escreveu a “Crítica da Razão Cínica”, segundo ele uma “fenomenologia das piadas inerentes à condição humana”, que permanece vigente na sua definição do cinismo como um cair das máscaras da verdade humana. Foi também autor de obras que desafiam até ao extremo a leitura e o pensamento, como “Tens de Mudar de Vida”, “Depois de Deus”, “Cólera e Tempo”, “O Estranhamento do Mundo” (Relógio D’Água), as “Regras para o Parque Humano” (Angelus Novus) e a trilogia “Esferas” (a sua magnum opus, não traduzida para o português), entre muitas outras. é um dos mais importantes filósofos vivos, nascido em Karlsruhe em junho de 1947, nos escombros do pós-guerra alemão, formado em Munique e doutorado em Hamburgo, admirador de Nietzsche, fenomenólogo e polemista acidental, admirado por Jürgen Habermas, e depois por este violentamente criticado, criador de conceitos como “esfera”, “antropotécnica” ou “coimunidade”.

[…]

LL — Soa perturbador — o homem criar os dispositivos técnicos que por sua vez o criam —, mas, com o advento da inteligência artificial, não poderia ser mais atual.


PS — Claro que é perturbador, mas é o modo como vivemos: o nosso estado nunca foi exatamente “natural”. No início perguntava-me para que serve a filosofia. A inclinação par aa filosofia é — sempre foi — uma espécie de doença rara. E está ligada a uma alergia específica contra as explicações simples e as conversas repetitivas. A repetição é legítima, mas não pode substituir o esforço de pensar. No fundo, filosofa-se graças a uma condição alérgica contra tudo o que está automatizado — mental, emocional e politicamente. A proposição central e última (e primeira) da filosofia é: “Isto não pode ser assim tão simples.”» [E, Expresso, 16/6/2023]


Crítica da Razão Cínica (tradução de Manuel Resende) e outras obras de Peter Sloterdijk estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/peter-sloterdijk/

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