«Parte da grandeza das Vinte Mil Léguas (…) reside numa criação em que reminiscências mitológicas se conjugam com influências literárias. O próprio nome do capitão Nemo (“Ninguém” em latim) surge como um duplo do divino Ulisses tal como ele se apresenta, na Odisseia, ao ciclope Polifemo. E é com efeito de uma odisseia que se trata, já não cingida apenas à bacia mediterrânica, mas alargada a todos os mares do globo. Para lá de Homero, Jules Verne vai também beber a outras fontes, nomeadamente ao ciclo de Tebas, à Bíblia e ao imaginário popular dos marinheiros. Nemo aparece como um novo Argonauta, um rival de Jasão, que parece ter encontrado o Tosão de Ouro, ou de Jonas, que viaja no ventre de uma baleia e que, nas suas viagens, encontra alguns monstros marinhos dignos das lendas bretãs. A escrita romanesca de Jules Verne está, pois, contaminada pela amplitude dos mitos presentes sobre os quais assenta.» [Do Posfácio]
Vinte Mil Léguas Submarinas (tradução e posfácio de Carlos Correia Monteiro de Oliveira) e outras obras de Jules Verne estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jules-verne/
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