27.2.23

Sobre Fausto, de Johann W. Goethe

 



«“Summa summarum de uma vida”, “composição bárbara”, “fragmento subjectivo”, “monstro poético”, “produção incomensurável”: estas são algumas das fórmulas usadas por Goethe para se referir ao Fausto, uma obra que se apresenta como um conglomerado formalmente díspar e conceptualmente contraditório. Apesar disso, e de a ocupação com o assunto de Fausto, desde os seis anos (quando conhece a história através do teatro de fantoches), se estender por mais de sete décadas, a obra resulta, na versão definitiva, no milagre de um todo que não é um todo, na “partitura de um mestre da orquestração” (Edição de Munique, vol. 6/1, p. 988), com uma enorme diversidade funcional de formas de verso e cadeias isotópicas de imagens e tropos, enfim, num fragmento genial. Quando começou a trabalhar na Segunda Parte, formal e ideologicamente mais homogénea e coerente (“um sábio e frio pandemónio” lhe chamou Antero de Quental), Goethe olhava assim, numa das Xénias Mansas de 1825, com ironia e comprazimento, para o “velho Fausto”: “Estais loucos? Que quereis com esse jeito / De o velho Fausto renegar? / É um mundo, o diabo do sujeito / Que tantos contrários pôde juntar.”» [Da Introdução de João Barrento]


Fausto, de Johann W. Goethe, com introdução, tradução e glossário de João Barrento, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/fausto-de-goethe/

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