16.2.23

Sicília, de Bernardo Pinto de Almeida, apresentado no Correntes d’Escritas por João Luís Barreto Guimarães

 




Amanhã, 17 de Fevereiro, pelas 16:30, no Cine-Teatro Garrett, terá lugar a apresentação de Sicília, o mais recente livro de poesia de Bernardo Pinto de Almeida, por João Luís Barreto Guimarães.


«OS DEUSES (EM SELINUNTE)


Pensa-se,

por vezes, que

nada disso

interessa, mas

não é assim

que as coisas

são no mundo. A

terra era avermelhada,

havia deuses,

eu vi

-os passear

em Selinunte,

e o mar era

de um azul-esverdeado

tão intenso,

fulgurante, que

os olhos se

aturdiam só de

o contemplar. O

ar vibra ainda,

dourado e,

suspenso do pó

que cobre

tudo, do

vento que sopra

desde longe,

sobre ele pousa

o tempo. As

colunas de pedra

gasta desses

templos, vigiando

distraídos o mar

que dorme abaixo,

parecem flutuar,

erguem-se do

chão plano

e abundante. Tudo

parece resto

de incêndio

que houvesse devorado

em

combustão demente o

próprio tempo. As

cinzas desse

incêndio, no seu

silêncio espesso,

são o que resta

dos deuses

que um dia

habitaram esses

templos. A sua

passagem escuta

-se no vento.»


Sicília e outras obras de Bernardo Pinto de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/bernardo-pinto-de-almeida/

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