«JL [Luís Ricardo Duarte] — Consegue explicar como passou de um conto para uma história de amor que atravessa a vida inteira de duas personagens?
DPA —Este livro é feito a partir de muitas histórias de amor que se contaram. Tive várias fontes [risos]. Algumas serão certamente verdadeiras, outras inventadas. Muitas foram contadas por pessoas que, curiosamente, não acreditavam no amor. Partilharam experiências pessoais ou alheias como quem dizia que aquilo só acontecia nos filmes.
JL — Essas histórias vão ter consigo, tem um íman, é boa ouvinte?
DPA — Estou sempre muito atenta a todas as histórias. Mas estas são de vizinhos e amigos, daquelas que se sabem ou que alguém ouviu dizer. Histórias de pessoas comuns. Tudo entrou na composição do livro, numa geometria que se foi montando.
JL — O que a interessou na história de amor? É sempre tida como a mais delicada e difícil de escrever…
DPA — É um dos temas que mais me cativa pessoalmente, desde sempre. Mas também um que ainda não me tinha atrevido a explorar literariamente Tinha algum receio. A verdade é que fui perdendo o medo. Ainda assim, foi o livro mais difícil de publicar. Por vezes, procura-se numa ficção o que há de biográfico, e este não tem nada. No entanto, não há nada de mais íntimo e pessoal do que a nossa imaginação. Num livro, um escritor depara-se com o aspeto da sua imaginação.E isso, por vezes, é uma experiência desconcertante. Expõe-nos ao nosso próprio ridículo.»
[Djaimilia Pereira de Almeida em entrevista a Luís Ricardo Duarte, JL, 22/2/2023]
Ferry e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/
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