30.12.22

Sobre Ferry, de Djaimilia Pereira de Almeida

 



«Vera e Albano amam-se há três décadas. Apaixonaram-se em “miúdos” e atravessaram a vida adulta como tantos outros casais, procurando não ceder ao tédio da rotina e às chicotadas da vida real. O sonhos de se tornarem escritores evaporaram-se rapidamente, ela deixou o mestrado a meio, perdeu um bebé e a esperança de voltar a engravidar. ele sofreu um esgotamento durante dois anos, perdeu vários empregos e talvez o foco. Conheceram a miséria, a fome, a pobreza. mas sobrevieram, seguindo juntos, remando com as mãos numa “jangada” que é o amor que desde sempre os uniu. Um desses amores absolutos, raríssimos, que funciona como “entidade única, feita de dois diferentes, nem homem nem mulher, mas ser não-binário, feito do que era homem e mulher um no outro, alimentado por dois corações tornados um só, siamesa criatura total em que a participação de um e do outro se dava como funcionam duas peças num mecanismo, ou, antes, com duas nuvens sopradas pelo mesmo vento”.

O que Djaimilia Pereira de Almeida nos apresenta em Ferry é um tremendo teste de resistência a este amor, confrontando-o com a mais devastadora das ameaças. […] 

Ferry nunca deixar de ser um livro sobre a resiliência do amor, sobre o sacrifício, sobre a a entrega total, sobre a incompreensão diante do mistério que é cada pessoa no mais fundo de si mesma. Mas é sobretudo um espantoso exercício narrativo, à procura da sua própria forma.» [José Mário Silva, E, Expresso, 30/12/2022]


Ferry e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

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