27.12.22

Sobre Contos de Odessa, de Isaac Babel

 



«A Odessa de Babel é um lugar único, é uma amálgama de objetos, de sensações, de cores, de cheiros. Tudo se pode tocar, cheirar e provar. E a língua de Odessa não é exceção. As palavras são personificadas e podem ser metidas no bolso, podem ser apalpadas, podem ser seguradas entre os dentes. A fala de Odessa é uma fonte de divertimento do autor. As personagens exprimem­‑se principalmente em russo, mas o seu discurso está salpicado de incoerências ou de construções agramaticais, espelhando a influência do ucraniano, do iídiche, do moldavo, do francês e do inglês, entre outros idiomas. Outras vezes fazem a transferência direta do hebraico antigo na referência aos numerais (exemplo: “sessenta vacas leiteiras, menos uma”, em vez de dizerem simplesmente cinquenta e nove). Muitas estruturas são também conseguidas a partir de construções em iídiche. Pode pois dizer­‑se que os habitantes de Odessa falam uma língua singular que não existe em mais lugar nenhum.» [Do prefácio de Nailia Baldé a Contos Escolhidos]


Contos de Odessa, Contos Escolhidos (trad. Nailia Baldé) e Contos e Diários (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/isaac-babel/

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