29.12.22

De Presa Comum, de Frederico Pedreira

 



«41.


Afinal esta dança para um

não faz o que promete.

O que temos aqui é o tom de

imitação na página branca,

coisas de livros, estantes inteiras.


Tu preferes falar por adivinhas,

crostas marinhas.

A minha atenção é tão pobre,

vem presa à vara de um ancinho,

alisador de outros temas azuis.


Encosta-te, meu perfil enovelado

de memória. Invento-te já num tropel

de ganchos, pedacinhos de seda feitos

num só nó de amarrar. Será justa a

imagem que se prender assim por ti.


É tarde, somos feitos da mesma pele fria.

Rondas nocturnas são para os incautos.

Prefiro-te, mantenho as mãos ocupadas:

não olhes agora, são versos que

te fui roubar logo pela manhã.» [p. 56]


Presa Comum e outras obras de Frederico Pedreira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/

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