«41.
Afinal esta dança para um
não faz o que promete.
O que temos aqui é o tom de
imitação na página branca,
coisas de livros, estantes inteiras.
Tu preferes falar por adivinhas,
crostas marinhas.
A minha atenção é tão pobre,
vem presa à vara de um ancinho,
alisador de outros temas azuis.
Encosta-te, meu perfil enovelado
de memória. Invento-te já num tropel
de ganchos, pedacinhos de seda feitos
num só nó de amarrar. Será justa a
imagem que se prender assim por ti.
É tarde, somos feitos da mesma pele fria.
Rondas nocturnas são para os incautos.
Prefiro-te, mantenho as mãos ocupadas:
não olhes agora, são versos que
te fui roubar logo pela manhã.» [p. 56]
Presa Comum e outras obras de Frederico Pedreira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/
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