«Freudianismos à parte, não há dúvida de que as posições agressivas da Rússia desestabilizam a Europa há anos. Contudo, para Dugin, de quem se tem falado muito ultimamente por causa da invasão da Ucrânia, que ele defendeu, bem como do assassínio da sua filha, a agressão vem do liberalismo ocidental. O papel da Rússia é defender os valores tradicionais da civilização, entendidos num sentido conservador. O retrato pessoal dele feito por Gessen, note-se, é mais admirável do que o seu pensamento. Não é qualquer intelectual que se dá ao trabalho de microfilmar obras proibidas de filósofos estrangeiros e as ler em projeção, arruinando a vista. A sua relação com Putin, essa, continua algo obscura. O Presidente tem aproveitado algumas das suas ideias, mas é possível que o faça por oportunismo. Com Putin nunca se sabe. Como outros ditadores duráveis, ele beneficiou de ter sido subestimado ao inicio, e a única certeza é que jamais deixará o poder voluntariamente. Quanto ao que realmente pensa, é um mistério. Nem um livro tão informado como este, que mistura história pessoal e explicações políticas a sociais com a facilidade de um romance russo, nos ajuda a tirar conclusões definitivas.» [Luís M. Faria, E, Expresso, 4/11/2022]
O Futuro É História, de Masha Gessen (Trad. Maria João B. Marques e Maria Marques), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-futuro-e-historia-como-o-totalitarismo-se-apoderou-da-russia-pre-publicacao/
Sem comentários:
Enviar um comentário