6.9.21

Sobre Vita Nova, de Louise Glück

 




«No livro de poemas Meadowlands, publicado em 1997, Louise Glück, Prémio Nobel de Literatura 2020, registava o colapso do seu casamento, um ano depois do seu traumático divórcio (“E no centro do eu, / uma mágoa a que não pensei jamais sobreviver”). Vita Nova (1999), o livro subsequente, é dedicado ao tema do recomeço, ao início de uma nova vida (“Só porque / o passado é mais longo que o futuro / não quer dizer que não haja futuro”). Nesta obra austera, a grande poeta desnuda as feridas da alma através de um doloroso e incessante exercício de autoconhecimento, mantendo o habitual paralelismo com a mitologia clássica. Orfeu é, aqui, o mito referencial: como ele, Louise Glück perdeu o seu amor (“Diz-lhes que perdi o meu amor / que estou agora completamente só. / Diz-lhes que não há música assim / sem dor real.”) e atravessou o Inferno (“Não o fim da carência, mas carência / elevada ao máximo poder”). Finalmente, canta a “Vita Nova”, o “desejo de sobreviver / que é penso eu, o desejo humano mais profundo” e a capacidade “de olhar em frente” de “olhar para o mundo” e “de me mover até ele”.» [Luís Almeida D’Eça, Agenda Cultural de Lisboa, Setembro de 2021]


Vita Nova e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Pradarias [Meadowlands] será publicado pela Relógio D’Água com tradução de Inês Dias.

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