26.7.21

Sobre De Noite Todo o Sangue É Negro, de David Diop

 



«No terreno enlameado e lunar da I Grande Guerra, entre crateras de obuses e trincheiras que se assemelham ao sexo exposto de uma mulher, um soldado narra na primeira pessoa uma odisseia sangrenta. O seu nome é Alfa Ndiaye, nasceu no Senegal, e está na Europa, integrado num destacamento de “chocolates” (a alcunha dada aos soldados negros), a lutar por um país que nem sequer conhece: a França. O seu amigo de sempre, Mademba Diop, “mais do que irmão”, fica gravemente ferido, com as entranhas de fora, e suplica-lhe o alívio do golpe de misericórdia, mas ele recusa três vezes, à luz das leis morais que lhe inculcaram na infância. Ao pensar neste seu ato, Ndiaye conclui que não passou de uma traição, uma cobardia. Para se redimir, decide tornar-se, voluntariamente, um monstro. “Quando saio do ventre da terra, sou inumano por escolha”, diz ele. E Enfrenta as balas como se nada fossem, captura soldados inimigos com bravura quase mágica, usa o seu machete para esquartejá-los, traz de cada investida um troféu macabro: a mão cortada de um soldado germânico, ainda segurando a respetiva espada.» [José Mário Silva, entrevista com David Diop, E, Expresso, 23/7/2021]


De Noite Todo o Sangue É Negro, de David Diop (tradução de Miguel Serras Pereira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/de-noite-todo-o-sangue-e-negro/

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