«“DURANTE QUANTO TEMPO MAIS PODEREI HABITAR O DIVINO SEPULCRO…”
Durante quanto tempo mais poderei habitar o divino sepulcro
Da vida, meu grande amor? Mergulham ao fundo os golfinhos
Para buscar a luz? Ou é rocha
O que se procura? Inexoravelmente? Ah. E se algum dia
Homens com pás laranja vierem abrir a rocha
Que me encerra, que dizer da luz que entrará então?
Que dizer do cheiro da luz?
Que dizer do musgo?
Em tempos peregrinos ele feriu-me
Desde então estou aqui deitado
O meu leito de luz é uma fornalha sufocando-me
De inferno (às vezes ouço água salgada a pingar).
Falo a sério — porque sou um dos poucos
Que sustiveram a respiração debaixo da casa. […]» [p. 19]
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