25.6.21

De Não Sabemos mesmo O Que Importa, de Paul Celan

 



«ELOGIO DA LONJURA


Na fonte de teus olhos

vivem os fios dos pescadores do mar‐errância.

Na fonte de teus olhos

cumpre o mar sua promessa.


Coração

entretido entre os homens, aqui arremesso

minhas vestes e o fulgor de um juramento:


Mais negro no negro, estou mais nu.

Só sendo traidor sou fiel.

Eu sou tu quando eu sou eu.


Na fonte de teus olhos

vogo e sonho a pilhagem.


Um fio prendeu um fio:

separamo‐nos enlaçados.


Na fonte de teus olhos

um enforcado estrangula a corda.» [p. 17]


«Um dos grandes poetas alemães do pós-guerra, em quem a liberdade do surrealismo e a linhagem do expressionismo intervencionista (Brecht, etc.) ou visionário (Trakl) criam uma linguagem nova.» [Jorge de Sena]


Não Sabemos mesmo O Que Importa de Paul Celan (trad. e posfácio de Gilda Lopes Encarnação) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/nao-sabemos-mesmo-o-que-importa/

Sem comentários:

Enviar um comentário