29.1.21

Sobre «A Minha Luta: 6 — O Fim», de Karl Ove Knausgård

 


 

«Essa “plena luz”, em “O Fim”, ilumina o projeto como um todo. Enquanto os volumes anteriores cobriam períodos concretos (a morte do pai; a infância; as relações amorosas; etc.), aqui é como se o ciclo “A Minha Luta” se olhasse ao espelho. O livro começa no momento em que o escritor, com a mulher, Linda, e os três filhos, vive num pequeno apartamento em Malmö, nos dias que antecederam o lançamento do volume inicial. Primeiro com reação furiosa de um tio, que o acusa de “violação verbal” da história da família, depois com o desgosto de Linda ao ler o retrato pouco lisonjeiro que dela faz no segundo volume, Knausgärd apercebe-se do potencial destrutivo da sua abordagem, consciência que comprometeu, admite, a radicalidade do seu empreendimento nos volumes seguintes (terceiro, quarto e quinto). De certa maneira, “O Fim”, no seu excesso assumido (que passa por um ensaio autónomo de mais de 400 páginas sobre a ascensão de Hitler), regressa à intenção inicial, mas assumindo os seus limites, a incapacidade de esgotar a realidade, mesmo quando espremida até à última gota. Não é, convenhamos, um feito menor.»

[José Mário Silva,«E», 2021/01/29]

«A Minha Luta: 6 — O Fim» e outras obras de Karl Ove Knausgård estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/karl-ove-knausgard/ 


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