«Em sessenta e oito viajara para Paris. Maio. Regressaria a África de aí a dois meses. Fizera duas comissões, Angola e Moçambique, a partida para a terceira estava marcada para Julho. Não tivera dificuldade em obter a licença, o regime confiava nele, não havia razões para duvidar da sua fidelidade. Era um dos deles, ele próprio não duvidava disso. Sabia o que pretendia. A viagem era um privilégio, aceitava-o. Poderia ter ido para Itália, Roma, Florença, e talvez nada tivesse mudado. Teria regressado a casa ao fim de duas semanas e ficado a aguardar a data de embarque para Angola. Era a única coisa que lhe importava. África. Escolhera Paris. Partira na segunda semana de Maio. Quando chegara, as ruas estavam em convulsão. No início, ficara estupefacto, observava sem compreender.»
Esta e outras obras de H. G. Cancela estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/
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