19.6.20

Sobre As Telefones, de Djaimilia Pereira de Almeida




«Nos seus esboços, Alexander Graham desenhou pessoa a usar o telefone ligadas por um fio, ouvido a ouvido. Em “As Telefones”, breve e pudica ficção, esses fios transformam-se nos traços de uma árvore genealógica. Filomena, que vive em Luanda, e Solange, sua filha, que veio para Lisboa, conhecem-se por telefone. Falam todas as semanas, nos primeiros anos de forma cerimonial, imóvel, às vezes em cabines públicas. Conversam numa “língua telefónica” entrecortada e divagante, à distância de continentes. […] É assim com os espólios, os enxovais nunca usados, um vestido, um pente, uns dentes de leite (“minerais encardidos, mudos sobre a vida que haviam vivido e sobre o desejo que os preservara”), coisas ternamente enumeradas que, ao vivo, sugerem emoções de que mal suspeitávamos à distância de um telefonema.» [Pedro Mexia, E, Expresso, 13/6/2020]

Esta e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

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