José Mário Silva escreveu no último número do Expresso sobre o mais recente livro de Maria Filomena Mónica, «O Olhar do Outro», «um mostruário de equívocos e erros de perspetiva, mas também dedos na ferida»
«Durante séculos, a visão de quem visitava Portugal era quase invariavelmente negativa, quando não de um sarcasmo misturado com desprezo. A partir do século XVIII, quando a escrita sobre viagens ganhou estatuto de género literário, multiplicaram-se os relatos de quem, deslocando-se ao nosso país, se espantava com o seu atraso civilizacional, os atavismos bárbaros e tristes idiossincrasias, expressão clara de uma decadência coletiva, após a glória histórica vivida no período dos Descobrimentos e perdida logo a seguir.
Parte destas supostas constatações não passavam de equívocos e erros de perspetiva, nascidos de estereótipos que se foram repetindo e reforçando, uma vez que muitos visitantes já traziam na cabeça as ideias feitas dos visitantes anteriores, moldando assim à partida a forma como entendiam e interpretavam o que lhes era dado observar. Em “O Olhar do Outro — Estrangeiros em Portugal: do século XVIII ao século XX”, a socióloga Maria Filomena Mónica procurou entender o modo como esses estereótipos se formaram, de onde vieram, e por que razão se incrustaram durante tanto tempo nos textos sobre o nosso país.
Maria Filomena Mónica não se limitou a citar ou parafrasear os relatos, antes procurando contextualizá-los na “visão do mundo” de quem os escreveu, através de breves esboços do respectivo percurso , obra e enquadramento histórico. Na escolha dos 42 testemunhos, levou em conta “não apenas os escritos com maior qualidade literária, mas ainda aqueles sobre cujos autores dispunha de elementos biográficos que me permitissem entender o quadro mental que os levara a deixar os retratos que nos legaram”.» [José Mário Silva, E, Expresso, 2/5/2020: https://tinyurl.com/yclby8et ]
Maria Filomena Mónica não se limitou a citar ou parafrasear os relatos, antes procurando contextualizá-los na “visão do mundo” de quem os escreveu, através de breves esboços do respectivo percurso , obra e enquadramento histórico. Na escolha dos 42 testemunhos, levou em conta “não apenas os escritos com maior qualidade literária, mas ainda aqueles sobre cujos autores dispunha de elementos biográficos que me permitissem entender o quadro mental que os levara a deixar os retratos que nos legaram”.» [José Mário Silva, E, Expresso, 2/5/2020: https://tinyurl.com/yclby8et ]
Esta e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/
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