«Cavalgar, cavalgar, cavalgar, todo o dia, toda a noite, todo o dia.
Cavalgar, cavalgar, cavalgar.
E o ânimo está tão cansado e é tão grande a saudade. Já se não avistam os montes, mal se vê uma árvore. Nada ousa erguer-se. Estranhas cabanas encolhem-se sedentas à beira de poços pantanosos. Nem uma torre em parte alguma. E sempre a mesma paisagem. Dois olhos são de mais. Só à noite por vezes julgamos conhecer o caminho. Talvez estejamos durante a noite a refazer o trecho de caminho que, debaixo deste sol estrangeiro, a custo conquistámos. Pode ser. O sol é pesado, como entre nós no pino do Verão. Mas foi no Verão que nos despedimos. Os vestidos das mulheres brilhavam longamente por entre o verde. E há já muito que cavalgamos. Deve, pois, ser Outono. Pelo menos lá, onde mulheres tristes sabem de nós.» [p. 26]
«A Balada da Vida e da Morte do Alferes Christoph Rilke e Outros Contos» (trad. Maria João Costa Pereira) e outras obras de Rainer Maria Rilke estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rainer-maria-rilke/
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