17.7.19

Sobre Ver Uma Mulher, de Annemarie Schwarzenbach




Sugestão de leitura do Observador para este Verão

«As ligações humanas podem equivaler-se a uma viagem, uma travessia, uma peregrinação, uma excursão. Cada um empreende o tipo de deslocação de que é capaz. A escritora e jornalista suíça, de língua alemã, Annemarie Schwarzenbach foi uma viajante pioneira quando, nos anos 20 dos século XX, nem todos os caminhos estavam abertos, muito menos para as mulheres, muito menos para uma mulher homossexual.
As suas viagens de carro pelo Médio Oriente, pela então URSS, pelo Sul dos EUA, por Lisboa estão documentadas em vários livros publicados quer na Relógio D’Água, quer na Tinta-da-China e que mostram como cada lugar não é apenas um amontoado de monumentos e paisagens, mas cada um contém o desafio de nos tornarmos outros, de nos impormos desafios e de respondermos a cada lugar com a transformação que ele nos exige. Annemarie as sua viagens serviram para denunciar o nacional socialismo, a miséria em que viviam os negros nos EUA, a vida das mulheres muçulmanas.
Talvez por isso, este livro, Ver uma Mulher, escrito antes dessas viagens, quando a escritora tinha apenas 21 anos, surpreenda e nos comova. Nele toda a viagem se faz apenas pelos salões, corredores e quartos do Grand Hotel da vila suíça de Saint-Moritz. Esta não é uma história de amor, mas uma história de fascínio erótico de uma jovem por uma mulher mais velha e desconhecida, onde ela vai projetar todo o seu imaginário amoroso e sexual mas também todo o seu desejo de escapismo. O livro, autobiográfico, foi encontrado no espólio de Annemarie depois da sua morte, com apenas 34 anos.» [Joana Emídio Marques, Observador, 13/7/2019]


Esta e outras obras de Annemarie Schwarzenbach estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/annemarie-schwarzenbach/

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