«Sob muitos aspectos, é significativo que , dos cerca de dez livros publicados até ao momento pela autora [Maria Filomena Molder], seis sejam antologias, reuniões de textos que até aí existiam isoladamente, dispersos em publicações periódicas ou volumes colectivos. Isso é notório desde Semear na Neve (1999), uma colecção de estudos sobre Walter Benjamin, passando por duas recolhas de textos dedicados a obras de arte e artistas contemporâneos — Matérias Sensíveis (1999) e Rebuçados Venezianos (2016) — até ao mais recente Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais (2017).
[…] São livros rítmicos, e nesse sentido estão próximos dos florilégios da Idade Média, compilações de excertos, transcrições e citações de fontes e autores diversos. que com o início da época moderna se foram aproximando sempre mais concretamente da sua raiz latina — florilegium, uma colectânea ou miscelânea de flores —, despindo-se de qualquer vestígio dogmático ou enciclopédico, até chegarem a designar, no sentido mais literal, tratados visuais de botânica e inventários ilustrados de plantas exóticas.
É essa a forma na qual e pela qual se abre o fundo expressivo, propriamente desenhado do pensamento de Maria Filomena Molder, e não é em nada irrelevante que a morfologia e a imagem da metamorfose sejam para a autora o eixo central e a bússola que orientam as suas digressões. Os livros que escreve desfazem e reinventam deliberadamente, no fundo e na forma, a própria ideia da composição literária e filosófica.» [Bruno C. Duarte, Colóquio Letras, 201, Maio/Agosto 2019]
Estas e outras obras de Maria Filomena Molder disponíveis aqui.
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