15.2.19

Sobre A Espuma dos Dias, de Boris Vian




«Chamaram‑lhe, alguns, a obra‑prima do autor. E num prefácio que andou durante muito tempo colado ao seu “Arranca‑Corações”, Raymond Queneau não hesitava perante um rótulo hierarquizante e audacioso: “o mais pungente dos romances de amor contemporâneos”. Nos anos sessenta, “A Espuma dos Dias” circulou com estas difíceis responsabilidades.
Enfrentou‑as mostrando a singularidade de um universo ainda não conhecido com tanto talento na literatura; que se comprazia a impor aos homens e aos objectos leis novas, interdependentes. De facto, os objectos que lá existiam tinham um comportamento emotivo e implacavelmente ligado aos estados de alma de quem os utilizava. O que já antes parecia sugerido por Edgar Allan Poe em “A Queda da Casa Usher” assumia ali uma evidência despudorada que corria em dois sentidos, de sol e sombra, e nos informava muito mais sobre o interior das personagens do que qualquer alusão directa que o texto chegasse a fazer.» [Da Apresentação de Aníbal Fernandes]

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