21.1.19

Sobre A Luz da Guerra, de Michael Ondaatje




«Escrevo ainda sobre A Luz da Guerra, de Michael Ondaatje (n. 1943), poeta consagrado e romancista laureado, conhecido em todo o mundo desde que Anthony Minghella adaptou ao cinema O Paciente Inglês, provavelmente o melhor romance deste canadense nascido no Sri Lanka. A obra mais recente confirma a solidez de uma escrita convencional, porém sedutora. Estamos na ressaca da Blitz londrina, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A primeira frase dá o tom: «Os nossos pais foram-se embora, deixando-nos ao cuidado de dois homens que podiam muito bem ser criminosos.» O motivo da inesperada partida para Singapura foi um mistério para Nathaniel e Rachel. Por que razão a mãe não levou consigo a mala de porão? Qual a natureza do trabalho que precipitou a partida? Serviços secretos? Fuga a segredos indizíveis? Como de regra, Ondaatje é minucioso nos detalhes da recriação de ambientes, mesmo (como aqui) em registo dickensiano. Do seu lugar de narrador autodiegético, Nathaniel conta como foi. Tudo aconteceu num tempo que a memória filtrou, sem os holofotes do presente. Música de câmara perfeita.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito de crítica publicada na Sábado, 17/1/2019]

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