7.1.19

Lisa Halliday falou com Isabel Lucas, a propósito de Assimetria






«O romance chegou a Portugal em Dezembro, dez meses depois de aparecer nos Estados Unidos com o selo de disruptivo. Atento à forma, elabora uma teia na qual se cruzam pensamentos sobre a arte, a política, o quotidiano. É tão solar quanto inquietante. Negro, irónico, fala da criação, da ambição, do quotidiano em que as notícias da invasão do Iraque chegam, enquanto alguém em Nova Iorque assiste, na cama, a um jogo de baseball; fala da religião, de uma ideia de Deus ou de fé — “procurar conhecimento é uma obrigação religiosa”, é a crença de Amar —, explora as potencialidades da memória, questiona a guerra, reflecte sobre o medo, esbarra em conceitos como os de vida ou de morte. E de liberdade. “Vemos o que as pessoas fazem com a sua liberdade — o que não fazem — e é impossível não as julgar por isso. Acabamos por constatar que uma sociedade essencialmente pacífica e democrática está num estado de suspensão incrivelmente delicado, uma suspensão que exige um equilíbrio até à mais ínfima molécula, de modo que até ao mínimo sobressalto uma pessoa apenas que se esqueça da fragilidade dessa suspensão por causa da sua complacência e egocentrismo pode fazer com que toda esta merda desabe”, lê-se na página 220. É um romance ambicioso que não cai na facilidade do pretensiosismo, como acontece a tantos que usam a intertextualidade como ferramenta privilegiada. No caso, não só a do texto escrito, mas a do texto musical. A música é tema e estabelece o ritmo. Dá a forma e contamina cada frase. É um dos grandes motores de Assimetria.» [Isabel Lucas,ípsilon, Público, 4/1/19. Texto completo aqui ]

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